domingo, 28 de março de 2010

Recomeço

Tá. Faz meeeses, mais de ano que não escrevo. Mas hoje deu vontade. Não sei se é porque eu acabei de terminar um trabalho enorme e to contente ou se a Lia saiu do BBB e eu to muuuito contente. O fato é que andei revisitando uns espaços antigos de convivência e me deu saudade. Falei também nesse blog essa semana e isso veio com força agora.
Mas bem, tantas coisas aconteceram nos últimos tempos que falar, ou melhor, escrever, seria impraticável. Basta dizer que tudo mudou em mim, mas nada mudou ao meu redor. A diferença é que agora eu vejo e encaro tudo de outro jeito. Melhor? Não sei. Enxergar pode ser bem doloroso!! Mas quando você enxerga uma vez, viver na miopia não mais satisfaz. Então ou você aprender a lidar com isso ou não vai conseguir seguir em frente.
Sair do Brasil e ir morar na França foi bem complicado. Apesar de ser um sonho da vida toda, a partida foi bem sofrida e a permanência lá não foi uma mar de rosas todo o tempo.
Voltar pro Brasil depois de morar na França é MUITO pior. Não por ser a França. Deus (e os mais chegados) sabem que eu detesto o francês. Talvez o mais certo a dizer seria: Voltar pro Brasil depois de ter morado no mundo é muito pior.
A sensação constante é a de estar grande demais pra esse quarto, pra essa cidade, pra vidinha mais ou menos que eu levava e que me era de bom tamanho. Era mesmo? Acho que nunca foi, mas eu, como uma boa menina comportada e obediente, sempre aceitei. Agora eu não quero mais aceitar. E não vou. Eu vi o mundo e é nele que eu quero ficar.
Você volta com umas visões tão diferentes das coisas, que parece que nada está no seu lugar. Aliás, tudo está demais em seu lugar.
Eu fui embora com um destino já traçado, por mim mesma. Uma carreira já pensada, um namorado de anos, amigos sempre presentes, família embasadora... E eu volto em dúvida na carreira, sem namorado, sem amigos todo o tempo, questionando valores e ações familiares. Resultado: Depressão pós-intercâmbio.
E tudo era uma merda, a cidade era provinciana, os amigos eram furados, a família só enxia o saco, e a solidão irritava. Nunca esperei tanto uma viagem pro Rio e um reencontro perfeito com aquele(s) perfeito(s) que eu passei os últimos meses. Fresh air! Foi bom demais. E isso me fudeu mais ainda.
Então, chora. Afunda um pouco. Medo de ter que sobreviver e não dar conta. Milhões de conversas sobre o mesmo tema. Eu falava e falava... Não pros outros, mas pra tentar me convencer.
Convenci.
As coisas, com o tempo, vão voltando ao normal. Não que eu queira voltar a viver no normal, mas eu entendi que esse estado é passageiro.
Ficar aqui, trabalhar, e voltar pro mundo!!!
Pensando bem, eu entrei no mundo. E o mundo não saiu mais de mim. Não importa onde eu esteja =)

domingo, 28 de setembro de 2008

delicinha...

MOÇA - Lenine/Ivan Santos
MOÇA
PERNAS DE PINÇA

ALTA
CORPO DE LANÇA
MAGRA
OLHOS DE CORÇA
LEVE
TODA CORTIÇA
PASSA
COMO QUE NUA
CALMA
FINGE QUE VOA
BRASA
CHAMA NA AREIA
BELA
COMO EU QUERIA
MAGRA, LEVE, CALMA
TODA ELA BELA
TUDO NELA CHAMA
SEGUE
ENQUANTO SUSPIRO
TODA
COR DE TEMPERO
CHEIRA
UM CHEIRO TÃO RARO
CLARA
CURA O ESCURO
ELA
BRAÇOS DE LINHA
DENGO
CHEIO DE MANHA
DURMO
E PEÇO QUE VENHA
ACORDO
E SONHO QUE É MINHA
MAGRA, LEVE, CALMA
TODA ELA BELA
TUDO NELA




Ganhei de presente.
Não?
Mas eu quero e também quiseram, então...
Assim se fez!

Cd novo de Lenine, um arraso =D

como eu queria curar o escuro....

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Leituras

Eu adoro ler. Sempre gostei, desde que me entendo por gente braba. Gosto de ler coisas que me distanciem um pouco do redor, mesmo que ela esteja falando exatamente sobre o mundo. Gosto de coisas que me façam refletir e que eu sinta vontade de comentar depois com as pessoas inteligentes que me cercam. Gosto de algo gostoso, mesmo que não seja leve. Gosto do que prende e me ensina algo. E como meus recursos financeiros brutos andam em baixa (há um tempo já) enquanto a bendita da poupança engorda, tenho tentado sempre comprar livros que tragam um pouco ou um muito de psicologia (pra juntar o últil ao agradável), embora não dispense NUNCA um velho romance sobre a Segunda Guerra =p

Mas efim. Meu último livro completado foi "Cartas a um jovem terapeuta", de Contardo Calligaris. Pequeno, fiinho, levinho, com várias coisas legais e que eu demorei incríveis 2 (!) meses inteirinhos pra ler. Tive a brilhante (?) idéia de comprá-lo exatamento do PIOR período do curso. O mais trabalhoso, mais denso, mais angustiante e profundo. Demorei a lê-lo não por falta de tempo (se virem o tamanho do livro chega a dar vergonha). Foi simplesmente porque passei quase 5 meses saturada da tal da Psicologia. Era tanta coisa que Deus me livre de mais páginas falando de clínica, teraputa, análise e paciente. Depois que terminou o fatídico período passei um mês sem pegar em nada que me remetesse à Psicologia. Tive até um sucesso considerável já que passei o mês transcrevendo entrevistas no estágio e lendo sobre (e somente) educação infantil. E o estágio lá no certo ambulatório de saúde mental do hospital era apenas uma vez por semana e não me demandava mais esforços.

Bem. assim que voltei à faculdade, retomei a leitura do livro e num piscar o terminei. Já o repassei a uma amiga. O tempo que fiquei proprositalmente afastada da Psicologia (ao menos o máximo que consegui) foi extremamente bom pra mim. Pensei várias coisas. Repessei outras várias e pude observar que, ás vezes, é sempre bom dar uma brake e sair um pouco da rotina. Traz novos ares e renova os ânimos, fazendo com que se volte às suas atividades habituais mais empolgado e diposto. Acho que dá até pra estender isso ao resto da vida, né? Fiz a brilhante descoberta das tão maravilhosas férias e elas nunca significaram tanto pra mim.

Tá parecendo que eu descobri o mundo. Mas pra mim foi quase isso.
Sendo assim, voltei aos hábitos e, variando um pouco, já comprei um novo livro. Falando sobre sabe o que? Psicoterapia.

Vai entender....

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Início, meio e falta de fim

Eu sempre quis ter um blog. Mas sempre me perguntava o que escreveria. Fiz esse no impulso e ainda não sei ao certo até se devo tê-lo. Mas meu companheiro de aventuras e minha Quinha amiga disseram pra não me desfazer dele. O das aventuras disse pra eu escrever sobre as experiências que eu tenho, principalmente os casos que vejo e estudo lá no curso de doido que eu faço, no estágio que sustento e/ou na pesquisa acadêmica que inicio(continuo). Gostei da idéia porque é basicamente sobre isso que (des)conhecidos ou amigos falam comigo. Porque a grande maioria já me acha A psicóloga só porque me dei à coisa. Não vou mentir e dizer que não acho legal porque eu acho. parece que suas opiniões passam a ser mais respeitadas porque você teve algum estudo do assunto, é claro. Mas admito que é legal também ouvir, depois de uma longa conversa sobre Freud (adoooro o.O) ou sobre o que inha deve fazer depois que terminou com inho, que tenho 'jeito pro babado' (como se psicologia fosse só clínica ou psicanálise). Salvo as devidas críticas, é interessante achar que to indo pelo caminho certo.

Enfin (lê-se ãnfãn), depois de pouco mais de seis meses indo, ao menos uma vez por semana lá na enfermaria de saúde mental de um certo hospital público, afim de cumprir com meus deveres de estagiária extra-curricular, tenho um bom 'estoque' de situações engraçadas, trágicas, horríveis, tristes, inspiradoras e, acima de tudo, educativas (no sentido mais amplo da palavra), armazenadas aqui nas imedições de meu hipocampo.

Uma que eu gosto bastante é o caso de uma senhora de meia idade, inteligentíssima, aposentada do estado, professora por vocação. Em um de seus ápices da esquizofrenia, foi ao banco retirar seu benefício e, por algum motivo o saque nao foi autorizado. A (miserável) doença e suas características persecutórias a fez pensar que havia um complô contra a mesma e que seu dinheiro só seria liberado numa agência em São Paulo. Isso mesmo. São Paulo. E o que ela fez? Sem nem pestanejar, pegou um dinheiro que tinha guardado, algumas roupas e se abalou de casa pro TIP. De lá, tomou um ônibus pra maior cidade da América Latina, parou na primeira agência que viu, retinou o dinheiro, foi até uma pousada, se instalou, cismou com a pousada, quis voltar pra casa e foi pro aeroporto. Chegando, só tinha vôo pra a veneza aqui no dia seguinte. Ligou pra família, que a essa altura do campeonato já tava, literalmente, arrancando os cabelos de preocupação, dormiu na enfermaria do aeroporto e, no dia seguinte, retornou feliz da vida. Agora imagine ela mesma contando essa história pra uma sala com 5 pessoas de jaleco, desconhecidas, expirando 'todo saber'. Coragem? Desinibição? Pra minha é segurança. Ela tinha todas as convicções do mundo de que isso era normal e de que ela não tinha nenhuma doença. Ainda ouvi muito mais coisa, muitos outros episódios acontecidos, mas o mais interessante, o mais tocante foi uma de suas frases no meio de seu discurso, que nunca me saiu da cabeça. Ela disse mais ou menos assim: Ninguém me entende nessa vida. Eu só quero viver em paz, no meu mundinho que criei, sem ter ninguém me criticando ou querendo me mudar. Eu não mexo com ninguém, eu não abuso ninguém. Eu só quero viver em paz e ser feliz.

Obviamente ela não falou com essas palavras, mas a parte do 'mundinho que eu criei' pegou em mim. Parecia que ela sabia da doença ao mesmo que a negava com todas as forças.
O paradoxo (e já deve ter se percebido que eu adoro um), mesmo que aparente, já que muitos podem pensar que a frase foi devido ao inconsciente dela que sabe de sua doença e bla bla bla, ficou vindo em minha cabeça durante uns dias e vez ou outra eu lembro disso. Soube hoje que ela tá bem melhor. Não viaja mais sem avisar e já tá aceitando sua doença. Ela continua paciente no ambulatório do mesmo hospital público.

Até que ponto dá pra intereferir, como profissional ou não, na vida de uma pessoa?
Querendo ou não, sofremos e fazemos múltiplas influências todos os dias, mas tudo, suportamente, tem um limite, né? Qual limite? A Senhora melhorou mesmo? O fato dela não ter mais crises legitima sua melhora?

Sei não. Tenho ainda, pelo menos, mais dois anos e meio pra descobrir antes de sair tentando 'resolver' pessoas.

E é?

É.
mais uma coisa pra se viciar.
mais um site pra ficar atualizando o tempo inteiro.
tenho nada pra fazer mesmo o.O

objetivo?
sei lá.

coisas interessantes?
não muito.

escrever.
escrever.
escrever.
coisas sem sentido que fazem o maior sentido.